Das primeiras impressões

Sou uma pessoa de primeiras impressões e, regra geral, não falho. Consigo detectar em poucos minutos se uma pessoa tem ou não a ver comigo. Geralmente, basta abrir a boca para eu perceber logo. Acho que só me enganei uma ou duas vezes na vida, e quando acontece reconheço. Quando não simpatizo logo, dificilmente há volta a dar, muito pelo contrário. A coisa tende sempre a piorar, e tudo o que a outra pessoa diga ou faça serve para me enervar e para suportar a minha tese de que nunca na vida nos poderemos dar bem. Se já perdi potenciais grandes amigos por causa disso? Hmmmm, sinceramente acho que não. Se, logo à partida, há incompatibilidade de feitios e modos de estar, é porque possivelmente não nascemos para nos darmos. Por exemplo, hoje, uma pessoa que conheço mal disse uma coisa que a fez logo entrar para a minha lista negra. Foi só uma coisinha de nada, mas o suficiente para perceber que estava tudo lixado. Porque se aquela pessoa tem determinado pensamento sobre uma coisa, e se choca tanto com o meu (e com os meus valores), se calhar não faz grande sentido investir. Claro que há sempre o reverso da medalha. Tenho noção que 300 pessoas antipatizam comigo precisamente por causa da primeira imagem. Talvez por não ser o cúmulo da fofice (não confundir com fufice), talvez por não andar sempre aos beijos e aos abraços (ou melhor, nunca, para grande tristeza das minhas amigas), talvez por parecer andar sempre de nariz empinado (quando, na maioria das vezes, estou apenas tão embrenhada nos meus pensamentos que não reparo no que está à volta. Não é antipatia, é distracção, sou um bocado Dori). Há uns tempos, numa festa, uma colega veio dizer-me "tu no fundo és fofinha, mas fazes-te assim de fria e distante". Claro que a rapariga estava com os copos, mas é mesmo isto: sou uma fofinha, uma jóia de moça, daquelas que se estranham e depois se entranham. Mesmo. A sério. Juro. Não sou de abraços, menos ainda de beijos, mas sou boa menina. No fundo, um pequeno pónei.